LISPOLIS e Campus do Lumiar acolhem mais de 7.000m2 de laboratórios de referência
O que têm em comum o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, a SGS Portugal, a ASAE e o CATIM?
Além de todas estas entidades terem laboratórios acreditados, ocupam cerca de 7300 m2 no seu conjunto nos espaços do Polo Tecnológico de Lisboa e no Campus do Lumiar.
São mais de 100 mil amostras que entram mensalmente nestes laboratórios para realização de testes, análises e determinações!
Por Cíntia Costa
Dizer que diariamente entram no Polo Tecnológico de Lisboa mais de 5 mil amostras parece exagero, mas não é. Só o Centro Laboratorial Germano de Sousa recebe mais de 4.000 colheitas diárias de pacientes do Sul do País, que são analisadas no Laboratório que se localiza, desde 2015, no Lote 8 do Polo Tecnológico de Lisboa. Este espaço, que tem mais de 3000 m2 e cerca de 180 colaboradores, conta com uma cadeia de robótica que permite a realização de mais de 40 mil análises por dia!
No entanto, este não é o único laboratório com grande volume de análises neste Campus: mesmo ao lado, no Lote 6 do Polo Tecnológico de Lisboa, situa-se a sede da SGS Portugal, que conta também com um laboratório de microbiologia e com um laboratório de físico-química, onde são analisadas mais de 6.000 amostras por mês por cerca de 25 técnicos qualificados, num total de 20 mil ensaios / mês.
Aqui, em aproximadamente 500 m2 de área laboratorial, são realizados testes microbiológicos e físico-químicos em alimentos (cerca de 70% do volume de trabalho do laboratório), em produtos de limpeza (DPH), agricultura (análise de solos, folhas, águas de rega) e pesticidas, esta última uma área mais específica e recente no laboratório. “Cerca de 70% são ensaios de microbiologia e 30% são ensaios de microbiologia e química, dado que poucas amostras têm só análise química”, refere a Eng. Mónica Antunes, responsável pelo laboratório SGS de Lisboa.
Na análise microbiológica, contam com um equipamento único no país chamado Kitty, um robô que permite a análise automática de microrganismos através da escolha computorizada do meio de cultura, sendo que o operador apenas tem de pipetar para a placa a quantidade de amostra necessária.
Já a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), localizada no edifício F do Campus do IAPMEI, espaço contíguo ao Polo Tecnológico de Lisboa, recebeu em 2016 mais de 8000 amostras e realizou 65 125 determinações, tanto a pedido do Estado Português como a pedido de clientes privados nacionais e internacionais. Com um total de 175 clientes / ano, esta entidade apresenta um portfólio analítico muito vasto, conta com 46 funcionários altamente qualificados e tem um espaço de cerca de 2900 m2.
Mesmo ao lado, no edifício D, encontra-se a RELACRE (Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal), que pretende juntar os laboratórios acreditados numa rede de cooperação e que conta com um total de 260 associados. Dentro deste universo de associados podem contar-se cerca de 700 unidades laboratoriais, desde laboratórios estatais a privados, incluindo multinacionais e PMEs, e em áreas tão variadas como águas, emissões gasosas, alimentar, saúde, materiais de construção, acústicas e vibrações, ensaios não destrutivos, certificação de produtos, entre outros.
No edifício Q está, desde 1993, a CATIM (Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica), que tem um edifício com cerca de 800 m2 e vários laboratórios, como o laboratório de metrologia das temperaturas, de pressões, de grandezas elétricas, dimensional e de electromedicina. Com cerca de 680 associados, esta entidade realiza ensaios, a testes ou calibrações, recorrendo a equipamentos de elevado valor que seriam de difícil aquisição por parte dos associados ou clientes com que trabalham. Em 2016 prestou apoio a cerca de 3000 empresas e gerou cerca de quatro milhões de euros.
Também a GS1 (Global Standards) pertence a este universo laboratorial, embora num contexto diferente. Integrado no Campus do Lumiar, no edifício K3, desde 2016, este organismo internacional sem fins lucrativos tem um laboratório para recolha de dados logísticos e volumétricos, bem como de imagens, dos produtos dos seus mais de 8 mil associados para partilha de informações na sua plataforma SYNC PT!
Todas estas entidades afirmam que as sinergias proporcionadas por estes campus contíguos foram uma das principais razões que as levaram a instalar-se neste espaço. Reforçam ainda que a localização é outro fator determinante, dado que o Polo Tecnológico de Lisboa e Campus do IAPMEI estão situados dentro da cidade de Lisboa, são espaços acessíveis a clientes e fornecedores, dispõem de estacionamento gratuito e espaços verdes e têm área disponível para possível expansão de instalações.
GERMANO DE SOUSA
Com cerca de 680 postos de colheita espalhados por todo o país e um grande laboratório no Porto, um laboratório médio em Viseu e alguns laboratórios de proximidade, como um em Évora, outro em Viana do Castelo e outro em Faro, o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa tem uma atividade que apresenta um “crescimento de quase dois dígitos por ano”, refere o Prof. Dr. Germano de Sousa, Diretor Coordenador do Grupo Germano de Sousa.
A escolha do Polo Tecnológico de Lisboa para os serviços Administrativos e de Laboratório Central foi uma decisão muito ponderada. O Professor destaca como principais fatores “a localização privilegiada em relação à cidade, pois é extremamente fácil chegar aqui e há transportes, há parque automóvel, e também porque o edifício nos interessava e servia perfeitamente para aquilo que precisávamos”, acrescentando ainda que aqui existem espaços verdes que não se encontram noutro local em Lisboa.
O Laboratório Central dispõe de “um conjunto de aparelhos ligados de uma forma inovadora e única no país a uma cadeia de transmissão que permite uma grande cadência na rotina”, refere o Professor. Contudo, a atividade deste Centro Laboratorial é muito mais diversificada do que apenas a análise de colheitas: neste edifício existe um departamento de investigação e de pesquisa na área da genómica e da oncologia, no qual dispõem de um sequenciador de última geração, conhecido por NGS, para sequenciar genoma de tumores e genoma de corpo humano, e são também um Polo de Ensino da Universidade Nova e da Universidade Católica, com quem têm protocolos estabelecidos.
“Temos as certificações legais portuguesas, somos certificados pela Entidade Reguladora da Saúde para a genética e patologia clínica em geral, e, aliás, no que diz respeito à genética somos o único laboratório certificado pelas novas regras em Portugal”, refere o Professor, destacando a importância da área de investigação nas atividades do Grupo Germano de Sousa. A longo prazo, o objetivo será desenvolver o laboratório de anatomia patológica que já faz parte do Grupo e apostar nos projetos de internacionalização que já começaram noutros países, como por exemplo no norte de África.
SGS PORTUGAL
A SGS Portugal tem no Polo Tecnológico de Lisboa os seus laboratórios principais e sede administrativa. A escolha do LISPOLIS baseou-se no facto de esta ser uma área muito central. “O Laboratório da SGS esteve instalado no Cacém antes de vir para aqui, que é uma zona muito mais desviada e menos central, e estava separado do resto dos serviços da SGS. No LISPOLIS temos os vários serviços juntos, muitos deles funcionam interligados, como por exemplo a componente de certificação está aliada à análise de produto, além das condições que as outras instalações não tinham”, explica a Eng. Mónica Antunes, Diretora do Laboratório SGS de Lisboa.
A possibilidade de colaboração com outras entidades instaladas foi também tida em conta, e a Eng. Mónica afirma que “esta localização facilita-nos porque temos aqui várias outras entidades que se relacionam connosco e que estão mesmo aqui ao lado, e há algumas sinergias que se aproveitam”.
Nos laboratórios do Campus do LISPOLIS, a SGS foca o seu trabalho em duas áreas: controlo físico-químico e controlo microbiológico. A Eng. Mónica indica que cerca de 70% do volume de trabalho é análise de alimentos que provêm de diversos clientes, desde os fabricantes ao consumidor final, passando pelo retalho.
Acrescenta ainda que existe uma nova área na SGS Portugal desde 2016. “Há uma área que separamos um pouco por ser muito mais específica e muito mais exigente a nível de condições e investimento, que é a análise de pesticidas, por GCMSMS (cromatografia gasosa) e LCMSMS (cromatografia líquida). O investimento que foi aqui feito no ano passado foi cerca de 500 mil euros para termos esta capacidade instalada, não só no equipamento mas na criação de condições para o receber, porque era necessária uma sala com uma temperatura específica”, refere a Eng. Mónica. Explica ainda que a SGS Portugal tem neste momento dois equipamentos de análise de pesticidas, um por cromatografia líquida ou outro por cromatografia gasosa, e que com os dois equipamentos a funcionar em simultâneo conseguem identificar um conjunto de 417 analitos de pesticidas.
No laboratório de análise microbiológica, a SGS tem ainda um equipamento único no país chamado Kitty. “A Kitty é um robô que permite a análise automática de microrganismos”, explica a Eng. Mónica. “Tem várias bombas peristálticas que alimentam os vários meios de cultura, e ao programarmos através de um computador e indicarmos que numa amostra queremos identificar E. Coli e Coliformes, na outra queremos identificar germes e estreptococos fecais, o operador apenas tem de pipetar para a placa a quantidade de amostra necessária, porque os meios de cultura já são automaticamente os que nós queremos identificar na amostra correspondente”.
O Laboratório tem acreditação do IPAC (Instituto Português de Acreditação) nas mais variadas áreas, desde as águas aos alimentos, passando pelo ar e ambiente, cosméticos, radiações, acústica, entre outros, e 90% dos trabalhos são para clientes nacionais, como hotéis, pastelarias e retalho. No entanto, trabalham com alguns internacionais que vêm, na sua maioria, recomendados pelas SGS de outros países. “Por exemplo a nível dos cosméticos fazemos muitas análises para a SGS França, no âmbito dos pesticidas, que também é uma coisa muito específica que não existem em muitos outros laboratórios, também fazemos para SGS Marrocos, da mesma maneira que também contratamos outras SGS”, refere a Eng. Mónica.
Contudo, se um cliente estrangeiro solicitar cotação à SGS Portugal mas existir um laboratório SGS acreditado para o efeito no seu país de origem, o cliente é reencaminhado para a SGS do seu país de forma a otimizar tempo, custos e não haver perdas de informação.
Além deste laboratório no Polo Tecnológico de Lisboa, a SGS Portugal possui ainda um Laboratório na Trafaria e outro em Sines, onde realizam a análise de carvões, ligas de ferro ou gasóleos e gasolinas, e também a SGS Molecular, que funciona na Faculdade de Ciências e através da técnica NGS (Next Generation Sequencing) é capaz de identificar por sequenciação de DNA, todas as espécies presentes em determinada amostra, um ponto muito ligado à fraude alimentar. “Na área alimentar, e através de uma especificação de ADN, conseguimos identificar se de facto só existe aquele alimento que é previsto ou não, ou se existe uma mistura. Este tipo de análise tem sido muito solicitado e há muito pouca oferta no nosso país, tanto que é uma área que estamos a vender cá mas também muito para fora porque não existe muita oferta e tem muita procura na fraude alimentar”, explica a Eng. Mónica Antunes.
A SGS Molecular resulta de uma empresa adquirida em dezembro de 2016 (BioPremier) mas se prevê que integre a SGS do Campus do LISPOLIS assim que haja possibilidade. “A perspetiva será que todos os laboratórios SGS Portugal estejam juntos aqui no Polo Tecnológico de Lisboa, em 2019”, anuncia a Eng. Mónica.
O principal objetivo do laboratório da SGS Portugal é tornar-se na referência para os seus clientes. “Nós queremos ser, daqui por três anos, um laboratório de referência no mercado a quem é reconhecido não só o volume de trabalho mas também o rigor e a qualidade dos resultados, e é nesse sentido que estamos a trabalhar”, remata a Eng. Mónica.
ASAE
“É um privilégio trabalhar dentro de Lisboa e trabalhar dentro destas instalações que para além de serem um jardim, apresentam condições muito favoráveis à nossa atividade analítica, e acresce que para os nossos clientes que vêm entregar amostras é muito favorável por causa da facilidade de estacionamento”, refere a Engª Maria de Jesus, Diretora do Departamento de Riscos Alimentares e Laboratórios da ASAE, sobre as razões que levaram este organismo público a mudarem as suas instalações para o Campus do Lumiar, em 2010.
É lá que têm atualmente instalado o Departamento de Riscos Alimentares e Laboratórios, que inclui três Unidades Laboratoriais, uma Câmara de Provadores, e uma divisão não laboratorial, a Divisão de Riscos Alimentares, que trabalha nas áreas da avaliação e comunicação de risco e enquadra tecnicamente os resultados dos ensaios analíticos que os laboratórios executam. Os três laboratórios dividem-se num laboratório de microbiologia e biologia molecular, um de análise físico-química genérica, e outro designado como de bebidas e produtos vitivinícolas.
Estes três laboratórios e a câmara de provadores têm perfis diferentes: o laboratório de microbiologia trabalha quase em exclusivo para o Estado, enquanto o laboratório de bebidas e produtos vitivinícolas tem cerca de 50% do seu trabalho para clientes externos. “Das quase nove mil amostras, analisadas em 2016, a maior parte foram analisadas por solicitação da ASAE, contudo, remanesce uma parte importante que anda à volta dos 30% executada por solicitação de clientes particulares”, explica a Engª Maria de Jesus. Acrescenta ainda que os clientes externos podem ir, desde o cidadão comum, pois qualquer pessoa pode levar uma amostra e solicitar uma análise específica, a outros organismos públicos que não têm laboratórios, passando por organizações de consumidores como a DECO, ou ainda organizações de produtores ou operadores económicos, que pretendem um boletim de análises para controlo de qualidade e melhoria de produção ou, por exemplo, para realização de exportações.
A ASAE também tem clientes estrangeiros, desde entidades provenientes dos PALOP até à “ASAE” Irlandesa, a Food Safety Authority, esta última recorre à ASAE para análise de azeites, dado que não possuem laboratório para este efeito.
A ASAE é ainda laboratório oficial de controlo de géneros alimentícios, laboratório oficial do controlo do setor Vitivinícola e laboratório nacional de referência para dioxinas, PCBs, PAHs e micotoxinas, reconhecido pela Comissão Europeia, e igualmente laboratório reconhecido pelo Conselho oleícola Internacional, que é a entidade intergovernamental que superintende o setor do azeite. É também laboratório acreditado pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação).
O tipo de análises que a ASAE realiza é muito vasto, pois tem um portfólio analítico com mais de três centenas de análises, entre as quais mais de 100 são acreditadas, e apresentam disponibilidade para novas análises procuradas pelos clientes que os abordam. Um dos equipamentos mais exclusivos da ASAE são os espectrómetros de massa e os de ressonância magnética nuclear, que são equipamentos com um custo elevado e de enorme relevância na repressão de fraude.
“Os projetos futuros estão muito centrados no cliente”, revela a Engª. Maria de Jesus. “Tentamos antecipar as necessidades do cliente. E relativamente ao cliente interno, pretendemos ser ainda mais proativos”, acrescenta.
A médio prazo, a ASAE pretende ampliar a Câmara de Provadores, que se divide em câmara de bebidas e câmara de azeites, processo que irá obrigar a uma reorganização do espaço. Já a longo prazo, pretendem reequipar o parque instrumental do laboratório de forma a continuar a acompanhar as evoluções tecnológicas e as necessidades dos clientes, sejam internos ou externos.
RELACRE
A RELACRE – Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal, localizada anteriormente na Rua Filipe Folque, no centro de Lisboa, está no Campus do Lumiar desde 2015. Uma das razões da sua mudança foi “a necessidade de evoluir no contexto de organização interna e de funcionamento, portanto foi uma razão organizacional considerada necessária face à evolução dos tempos, e a outra foi por se considerar que estando integrados no Campus do Lumiar estaríamos mais próximos de entidades que se relacionam com as nossas as áreas e âmbito de atuação”, refere o Doutor Álvaro Silva Ribeiro, Presidente do Conselho de Administração da RELACRE.
“No centro de Lisboa estávamos numa zona comercial, já pouco residencial, mas pouco identificada com aquilo que é a nossa visão para o futuro, e considerámos que vindo aqui para o Campus do Lumiar estaríamos inseridos num contexto tecnológico e de inovação que tem muito mais a ver com a perspetiva futura dos laboratórios e da atividade laboratorial, e com potencial para criarmos novas sinergias”, acrescenta.
A RELACRE tem como uma das suas principais atividades a formação para a capacitação das competências dos laboratórios das entidades associadas. “Esta é possivelmente uma das associações setoriais em Portugal com dimensão mais significativa e com uma população técnica que requer uma qualificação elevada, levando a que uma das funções importantes seja o desenvolvimento e a promoção da atividade de formação com vista a darmos resposta às necessidades de qualificação técnica”, explica a Engenheira Ana Maria Duarte, Diretora Geral da RELACRE.
A RELACRE é também uma das entidades independentes que assegura a qualidade técnica e de certificação de técnicos para atividades de ensaios não destrutivos, como a análise de águas ou técnicas de amostragem de águas, em que os técnicos de colheita têm de ser certificados de acordo com a legislação em vigor a nível nacional. Além disso, a realização de eventos com alguma dimensão faz também parte da atividade desenvolvida por esta associação, como por exemplo a realização do 5º Congresso Ibero-Americano dos Laboratórios, que ocorrerá em outubro de 2018, em Lisboa.
No âmbito da componente associativa dispomos de cerca de 10 comissões setoriais e técnicas, onde são discutidos assuntos não só de ordem técnica mas também de ordem económica e política, bem como, a acreditação de laboratórios. Neste contexto, os seus membros são frequentemente chamados a intervir sempre que há necessidade de dar pareceres sobre documentos de ordem técnica e/ ou regulamentar e / ou da acreditação que chegam à RELACRE, explica a Enga. Ana Maria Duarte, acrescentando que garantir o envolvimento dos associados nas decisões e pareceres é uma das principais preocupações desta associação setorial.
A ligação ao mundo académico é também relevante, quer no contexto dos eventos quer no das comissões técnicas, pois a contribuição do parecer das várias universidades pode ser fundamental para debater conteúdos de documentos técnicos e legislação, entre outros.
Assim, poderemos considerar o papel da RELACRE dividido em dois eixos: um conjunto de serviços que são essenciais para a atividade dos laboratórios em Portugal, e uma área associativa que promove atividades que envolvem os associados, designadamente, as comissões técnicas e setoriais, a assessoria e a consultoria, permitindo o desenvolvimento da comunidade de laboratórios como um todo.
Além destas atividades, a RELACRE tem um papel importante na ligação às entidades internacionais e principalmente a nível europeu. “O facto de a RELACRE pertencer às organizações europeias e internacionais nos ensaios não destrutivos é absolutamente essencial para o reconhecimento do trabalho dos nossos laboratórios fora dos país e nesse contexto é até um elemento chave nalgumas áreas da atividade económica nacional. Embora seja um chapéu muitas vezes transparente, tem de existir porque senão muitas entidades que têm laboratórios não conseguiriam desenvolver a sua atividade noutros países, e, no nosso entender, esse é até um dos pontos mais fortes da RELACRE”, esclarece o Doutor Álvaro Ribeiro.
Um dos objetivos da associação é cumprir com “uma estratégia de continuidade, na qual pretendemos, em primeiro lugar, consolidar a nossa relação com os associados”, refere o Doutor Álvaro Ribeiro. “A RELACRE tem neste momento um papel muito relevante no apoio que dá aos laboratórios em duas vertentes: uma delas a internacionalização, portanto a ligação que estabelece com o mercado global, que é cada vez mais importante, na minha opinião, para a economia nacional, mas também a relação de proximidade que temos tido com os associados e que tem levado a uma atividade em rede na qual se potenciem as sinergias”, acrescenta.
Nos próximos anos prevê-se um foco na promoção da nova norma de referência para a acreditação de laboratórios, a ISO 17025, dado que será publicada uma revisão desta norma no final do ano de 2017, e a RELACRE pretende ainda apostar na internacionalização de algumas áreas de atividade. Além disso, irá organizar uma conferência internacional em Lisboa em 2022, a 13th European Conference on Non-Destructive Testing (ECNDT2022), em que se espera a participação de mais de 2 mil pessoas de todo o mundo, constituindo um dos maiores eventos internacionais de natureza técnica.
CATIM
O CATIM, instalado desde 1993 no Campus do Lumiar, escolheu este local para instalação do seu Centro Tecnológico, que desenvolve, estuda e promove as boas práticas e a inovação na área metalúrgica e metalomecânica, funcionando como catalisador da transferência de tecnologia e conhecimento entre empresas e entidades deste setor, nomeadamente no que toca ao tema da reindustrialização e Indústria 4.0.
Com a sede localizada no Porto, o CATIM tem delegações em Braga e em Lisboa, esta última no Campus do IAPMEI. “Sem dúvida que a principal vantagem é estar inserido num meio onde se situam diversas entidades de investigação e interface tecnológico”, explica o Dr. Nuno Araújo, Diretor Geral Adjunto do CATIM. As parcerias que desenvolvem com várias entidades neste campus, por exemplo com o IAPMEI, a ANI, o LNEG e a RELACRE, é também valorizada. “O CATIM está ciente da importância decisiva das parcerias, do trabalho colaborativo e do estabelecimento de redes que sustentem e promovam a cooperação, e tem procurado fortalecer laços de cooperação com diversas entidades”, acrescenta o Dr. Nuno.
O trabalho desta entidade é focado na indústria metalúrgica e metalomecânica, setores que integram múltiplos subsectores, desde a produção de máquinas e equipamentos, cutelaria e loiça metálica, estruturas metálicas, até à produção de peças metálicas para sectores como a panificação, alimentar, automóvel e aeronáutica. Em 2016, esta área alcançou os 14,6 mil milhões de euros em exportações, um volume de negócios na ordem dos 28 mil milhões de euros, equivalente a 14% do PIB, representando 31% das exportações da indústria transformadora e empregando 200 mil trabalhadores. “O setor metalúrgico assume-se como o grande setor da economia portuguesa. É um setor transversal, e os nossos clientes tanto podem ser PME como grandes empresas ligadas à aeronáutica, automóvel ou farmacêutica”, refere o Dr. Nuno.
Dado que um dos principais objetivos do CATIM é proporcionar às empresas do setor o acesso a ensaios, a testes ou calibrações recorrendo a equipamentos de elevado valor, o CATIM conta com equipamentos na área da metrologia, assumindo um papel transversal na garantia da conformidade e da qualidade. A título de exemplo, o CATIM possui quatro CMM´s (coordinate measuring machine) com valores superiores a 300 mil euros cada. “Nesta área o CATIM tem vindo a investir e a disponibilizar serviços e apoio técnico, funcionando como um laboratório de apoio às empresas especialmente nas fases de desenvolvimento do produto e pré-produção, em setores mais exigentes como o automóvel, o aeronáutico e o nuclear, pretendendo vir a cobrir toda a gama de tecnologias de medição por coordenadas (CMM) com aplicação industrial neste domínio”, explica o Dr. Nuno.
Dispõe ainda de equipamento ligado a ensaios de produtos e materiais como câmaras climáticas para simular ambientes externos ou internos, equipamento de ensaios de materiais, por exemplo ligados à metalografia, equipamento de raio-x para análise de peças ou produtos, equipamentos para ensaios destrutivos e não destrutivos, e equipamento na área da metrologia, cobrindo as áreas da metrologia das temperaturas, pressões, grandezas elétricas, dimensional e eletromedicina.
Um dos objetivos será expandir o leque de serviços prestados nas instalações do Campus do Lumiar, e como tal estão em curso obras de reestruturação das instalações para adaptação de novos laboratórios. “O posicionamento estratégico do Centro está intimamente ligado ao desígnio Nacional de melhorar a competitividade da indústria portuguesa e do reconhecimento pela EU da importância da reindustrialização, entendida não como passado, mas como futuro, ou seja, uma indústria inovadora e competitiva no contexto global”, explica o Dr. Nuno. Assim, o CATIM em parceria com a AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), tem vindo a reforçar as relações com a indústria e Entidades do Sistema Cientifico e Tecnológico, apoiando as empresas nos processos de Inovação, Qualificação e Internacionalização.
Além disso, o CATIM pretende subir na cadeia de valor dos projetos de inovação e apostar no desenvolvimento de conhecimento técnico científico de base industrial, ajudando a construir a ponte entre a academia e a indústria, através da divulgação dos resultados de trabalhos de I&D em publicações internacionais e participação em conferências e seminários nacionais/internacionais.
Por fim, o reconhecimento internacional é também muito relevante para o CATIM, nomeadamente nas áreas de ensaios de materiais e produtos, metrologia, qualidade, engenharia e segurança de máquinas e equipamentos de trabalho, qualidade, ambiente e segurança. Assim, pretende acompanhar o estado da arte da ciência e da técnica destes setores e manter-se atualizado na digitalização da indústria e da economia por forma a transferir para o tecido empresarial o conhecimento necessário à agilização de processos e serviços.
GS1 Portugal
Desde 2016 que a GS1 está no Campus do Lumiar e é aqui que tem o seu laboratório de análise de dados. A principal atividade deste laboratório é a recolha de dados mestre do produto, onde recolhem os dados logísticos do produto, que podem ser da unidade ou da caixa, em termos de peso, altura, largura e profundidade, e recolhem também os dados volumétricos através de um equipamento específico, o Cubiscan 125, ou uma microbalança de alta precisão para o caso de os produtos terem um peso inferior a 20 gramas.
“Os dados volumétricos são importantes, nomeadamente se quisermos fazer a encomenda do produto, porque conseguimos saber com exatidão qual é o peso daquele produto e fazer uma estimativa de transporte para se conseguir fazer uma entrega ao domicílio, por exemplo”, explica o Dr. Filipe Esteves, responsável pelo Laboratório GS1 Portugal.
Seguidamente, o produto passa para o Orbitwu XL, equipamento onde são tiradas fotografias de modo a realizar uma imagem 360º do produto para colocar em catálogos online, por exemplo, que contenham as tabelas nutricionais e lista de alergénicos presentes nas embalagens do produto.
Estas imagens passam então para uma terceira estação de trabalho, onde se realiza a edição de imagem com o programa Photoshop. Todos estes dados são posteriormente colocados na plataforma SYNC PT, que permite a transação de dados entre os intervenientes, ou seja, desde o produtor, que é quem publica os dados, até ao retalhista, que subscreve esses dados.
No limite, esta plataforma irá permitir que o consumidor final, com o seu smartphone, possa ler o código de barras do produto e saber a informação sobre aquele produto, desde informação de marketing a informação sobre dados nutricionais, o que no caso dos doentes clínicos permite perceber se podem consumir aquele produto ou não. Também irá indicar onde se poderá comprar online o produto escolhido.
Em adição ao processo do laboratório, a GS1 ainda realiza um trabalho de verificação de código de barras do produto, da caixa e da palete, e ainda a análise da qualidade do símbolo, o que vai indicar se existe leitura no ponto de venda e se a informação corresponde entre código do produto e etiqueta logística.
“Basicamente, o que fazemos no laboratório é capturar toda a informação sobre o produto para que depois essa informação possa fluir em toda a cadeia de abastecimento, desde a sua produção até praticamente o último destino, que é o consumidor final”, resume o Dr. Filipe.
Além de trabalharem com os 8000 associados portugueses, que perfazem 50% do PIB nacional, também colaboram com algumas entidades estrangeiras, nomeadamente dos países PALOP onde não existe representação da GS1, como Angola, Cabo Verde e Moçambique.
A possibilidade de expansão dentro do Campus do Lumiar está em cima da mesa para a GS1, que também conta expandir a sua atividade para as instalações dos seus associados, onde já realizou alguns projetos. Além disso, pretende aumentar a capacidade produtiva do laboratório, crescer e diversificar a sua oferta. “Sabemos que há um gap em dois sentidos: no tipo de informação que é veiculada e na qualidade dessa mesma informação, seja ao nível do que é estritamente regulamentar, seja ao nível da fotografia que circula”, indica o Dr. Nuno Azevedo, responsável pela área de Serviços Digitais e Inovação, acrescentando que a GS1 tem vindo a desenvolver a sua atividade nesse sentido.